Privado de fundos externos directos ao Orçamento do Estado (OE) desde Abril de 2016, na sequência do escândalo da dívida pública, o Governo moçambicano quer entrar no próximo ciclo governamental de “cara lavada”, ou seja, com a situação desbloqueada.
“Não temos vergonha de assumirmos isso (dívidas ocultas). Vamos honrar com os nossos compromissos e esperamos o mais rápido possível a retoma do financiamento do Fundo Monetário Internacional. Estamos a trabalhar nisso”, disse Ragendra de Sousa, aquando do lançamento da 17ª Conferencia Anual do Sector Privado (CASP) 2020.
Sobre a CASP, a decorrer em finais de Maio do próximo ano, o ministro da Indústria e Comércio defendeu que é uma plataforma apropriada na qual o Governo e o sector privado aprofundam a análise do decurso do diálogo público/privado para a materialização de reformas legais e administrativas para a melhoria do ambiente de negócios no país.
“Todos temos hoje a consciência e clareza dos desafios que o nosso país enfrenta, sobretudo com o advento da indústria de petróleo e gás que desponta no país, o que requer a adopção de mecanismos flexíveis e criativos para dar respostas a estes desafios nas mais variadas frentes”, disse.
Alertando, de seguida, para a necessidade da certificação das empresas moçambicanas para agarrarem as oportunidades de negócios fornecidas pela bilionária indústria do gás e petróleo.
“A certificação não deve ser vista como uma mania das multinacionais, mas sim, como requisito imprescindível para a prestação de serviços à esta indústria muito exigente. Não se pode ir contra a regra do mercado”, apontou.
Lembrando, que ainda esta semana, foi lançado o Programa Nacional de Certificação Empresarial (PRONACER), com vista a suprir um dos desafios do mercado, que se apresentam cada vez mais exigentes, pois a certificação constitui uma visão e decisão estratégica que permite dar resposta às necessidades de competitividades e desenvolvimento sustentável das empresas.
DOIS MIL HOMENS DE NEGÓCIOS
Sob o lema, “Criando um ambiente de negócios para a diversificação da economia”, a CASP-2020 vai reunir cerca de dois mil empresários moçambicanos e do resto do mundo, com a finalidade de se debruçar sobre o ambiente de negócios, promover investimentos e parcerias em prol do desenvolvimento económico de Moçambique.
“Tratar-se-á do momento mais alto do diálogo e parceria entre o Governo e o sector privado, o primeiro do ciclo governativo que se aproxima, e consistirá de três principais componentes, nomeadamente, o diálogo público/privado, Mozambique Business and Investment Summit e a Expo CASP”, referiu Agostinho Vuma, presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).
Acrescentando, que um dos principais marcos da 17ª edição da CASP assentará sobre as expectativas que o futuro da economia moçambicana representa para o desenvolvimento de África e de todo o mundo, numa era de grandes investimentos que irão catapultar o crescimento económico de Moçambique.
UM BILIÃO DE DÓLARES EM JOGO NA CASP-2020
A 17ª edição CASP irá decorrer, portanto, num ano que marcará novas dinâmicas que se manifestarão ao longo de toda a década e que necessitarão de um ambiente de negócios específico para poder-se absorver e gerar benefícios para todos, particularmente as pequenas e médias empresas, gerando-se um crescimento inclusivo e diversificado para o nosso país.
Em termos de projectos de investimentos, a CTA espera a participação de mais de 20 instituições financeiras de desenvolvimento, com as quais serão discutidos projectos que ascenderão a um bilião de dólares norte-americanos em valor dos negócios.
Segundo projecções de diversas entidades, prevê-se que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) atinja cifras exponenciais, saindo de cerca de 17 biliões de dólares norte-americanos para cerca de 50 biliões de dólares, de 2020 a 2030, portanto, uma previsão de aumento de cerca de 300% do PIB do país.
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